quarta-feira, 25 de julho de 2012

É PRECISO SABER...

Jamais alguém poderá dizer que 'não sabia' ser este País um antro de 'artistas useiros e 'vezeiros' em procurar entrar nos bolsos do Zé Povinho, seja de que forma seja, porque as leis foram feitas apenas para alguns... não interessando agora se há muita ou pouca justiça, muitos ou poucos lesados, muitos ou poucos humilhados e ofendidos com o rol de vigarices que se vai desenrolando no quotidiano.
Não há muito tempo tivemos uma greve de médicos que teve a superior cooperação da Ordem dos ditos cujos, mostrando-se o seu Bastonário um acérrimo defensor da classe em luta, tal como um tal de Daniel Sampaio, que leio ser o médico dos ricos deste vale de lágrimas, ou de alguns distintos seguidores de Hipócrates, que não se coibem de jurar: 
“Eu juro, por Apolo, médico, por Esculápio, Higéia e Panacéia, e tomo por testemunhas todos os deuses e todas as deusas, cumprir, segundo meu poder e minha razão, a promessa que se segue…
…Aplicarei os regimes para o bem do doente segundo o meu poder e entendimento, nunca para causar dano ou mal a alguém. A ninguém darei por comprazer, nem remédio mortal nem um conselho que induza a perda…
…Conservarei imaculada minha vida e minha arte…”
Julgo que para 'conservar imaculada a sua vida e a sua arte' precisam de ganhar mundos e fundos, razão porque há médicos que ganham entre 20 e 40.000 Euros mensais, em regime de prestação de serviço nos hospitais públicos. O Bastonário diz que 'as ilegalidades têm de ser combatidas e corrigidas...'.
Pode ler-se no jornal EXPRESSO:
"Num daqueles relatórios do Tribunal de Contas (TC) que entram por um ouvido e saem pelo outro, ficámos a saber que um médico do Centro Hospitalar do Barlavento Algarvio conseguiu a proeza de arrancar 796 mil euros (2008) e 744 mil euros (2009). Eu julgava que o SNS era o SNS, mas afinal é o Euromilhões. Portanto, volto a fazer a pergunta que ainda não teve resposta: como é que um médico conseguiu amealhar estas maquias anuais ao serviço do SNS? O salário base deste indivíduo era de 5.523 euros, mas o seu vencimento real chegava aos 50/55 mil mensais. Como é que isto foi possível? Com horas extraordinárias? Mas será que este indivíduo trabalhou as 8520 horas de 2008 e 2009?
O médico em questão até pode ser o Houdini da oftalmologia, até pode curar cataratas com um mero toque crístico e até pode fazer o milagre das dioptrias, mas a questão é simples:
o Estado português não pode dar 750 mil euros a um único indivíduo. Este montante não tem qualquer justificação; chega a ser cómico na sua desproporção. É um montante que pressupõe a existência de um Qatar debaixo do ministério da saúde. Perdão: pressupõe a existência de petróleo debaixo de cada contribuinte português. Sim senhor, não devemos pôr em causa o mérito e a justa recompensa da classe médica; os médicos têm de ganhar bem.
Mas há uma diferença entre ganhar bem e levar 750 mil euros para casa.

Estes 750 mil ou 796 mil são tão surreais que o nosso cérebro tende a arrumá-los na categoria de caso isolado. Mas será mesmo um caso isolado?
O tal relatório do TC afirma que os vencimentos dos médicos mais bem pagos oscilam entre os 255 mil euros e os 796 mil euros. Ou seja, há mais médicos do SNS a levar para casa vencimentos de cirurgião plástico de Hollywood.
E, por falar em somas astronómicas, gostava muito de fazer duas apostas de, vá, 5 euros com a Ordem dos Médicos: aposto que alguns destes tetra-milionários vão fazer greve e aposto que o médico que ganha 750 mil euros não faz serviço exclusivo no SNS, ou seja, aposto que ainda faz uma perninha no privado."
Talvez os exmºs. médicos desta república das bananas chamada Portugal possam encontrar uma razão mais capaz para justificar a greve que ousaram fazer, mentindo aos portugueses.
Não digam que fazem greve para defesa do Serviço Nacional de Saúde, porque essa é velha e trata-se de uma falsidade, conforme está mais que comprovado, tal como o dizerem que não é por questões de melhoria de vencimento, pois também já sabemos ser mais uma descarada mentira dos nossos queridos médicos.
É fartar, vilanagem!