O Bispo das Forças Armadas, o 'iluminado' D. Januário Torgal Ferreira disse ter ficado "atónito" com as medidas tomadas pelo Governo que vão além do memorando de entendimento assinado com a troika.
"As medidas da troika são duras, mas não me deixam surpreso, mas depois ainda descubro que os nossos governantes vão além dos sacrifícios impostos pela troika e fico atónito", confessou o bispo.
Em declarações ao Dinheiro Vivo, Torgal Ferreira assegura que Portugal tem que pagar a dívida e ser "um país honrado", mas insiste na renegociação, não para fugir ao pagamento mas para " ser um melhor pagador".
O bispo da 'Tropa' não poupa críticas ao Governo, dizendo à boca cheia que as medidas tomadas são como uma manta curta, que quando se puxa para tapar a cabeça, acaba por destapar os pés. "Não acredito que quando começarem a morrer pessoas à fome, quando começar tudo numa barafunda, se continue a achar que vale a pena puxar a manta", revela.
O que ele, bispo que já ultrapassou o tempo de serviço, devia dizer é porque se não vai embora... mas está agarrado ao tacho porque lhe sabe bem as 'massas' que lhe enchem o bolso e de que ele nem um cêntimo dá aos que necessitem de ajuda para pagar a renda ou comprar o leite para o filho com fome. Ele fala da possibilidade de haver pessoas a começarem a morrer de fome... mas desde que não seja ele...
Dizendo que "depositava muita confiança na atual governação" - o que é de admirar, dado os seus grandes amigos estarem no largo do Rato ou no Bloco -, o bispo mostra-se agora preocupado com as políticas que "exageram as medidas da troika". O representante da Igreja Católica nas Forças Armadas pergunta-se se "o exagero das decisões tomadas não estão a privar este povo dos recursos que tem?"
"Noto uma grande insensibilidade social, apesar de haver muita gente no Governo com boas intenções", continua Torgal Ferreira, lembrando que não bastam boas intenções para que apareçam resultados. "Não posso negar que temos encontrado dinheiro e cumprido os prazos, mas não há equilíbrio", avisa.
Por outro lado, para o bispo, os novos dados do desemprego, ontem divulgados, que apontam para uma taxa de desemprego de 13,6% e de mais de 30% entre os jovens "são consequência das medidas que não são tomadas". "Como é possível falar no apoio às PME se qualquer cidadão português não tem apoio bancário?", pergunta, explicando que ouve muitas pessoas que se queixam "que os bancos lhes dizem que só emprestam a empresas públicas, que têm as devidas garantias".
O bispo Torgal Ferreira criticou ainda o fim dos feriados decidido pelo Governo, considerando que não são este tipo de medidas que vão resolver os problemas porque, garante, "não são os trabalhadores por conta de outrem os assassinos do país". O bispo vai mesmo mais longe e assegura que esta ideia "é uma calúnia e um aproveitamento, porque na crise revelam-se oportunidades para explorar os explorados".
D. Januário Torgal Ferreira aconselha ainda "calma" na discussão sobre estas questões, dizendo que as "conversas exaltadas" não levam a conclusões. Além disso defende que "era importante todos os responsáveis das várias camadas sociais terem uma conversa", para encontrar soluções.
Entretanto, o bispo adianta que não tem dúvidas: quando chegar a altura de eleições, "vai ser ver dinheiro a jorros". "Nessa altura, todos vão ser bestiais", conclui.
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