segunda-feira, 14 de março de 2011

50 ANOS DE TERROR EM ANGOLA

Não vou estar para aqui a carpir mágoas do passado sobre os acontecimentos que ensombraram Angola quando ali eclodiu a luta contra Portugal e que veio a terminar com a "desistência" da luta por parte de um sector das Forças Armadas Portuguesas, logo após a chamada Revolução de Abril, que é um marco indelével do que pode a cobardia de uns, devidamente apoiada pela clic afecta a determinada linha partidária, que já de há muito mantinha acesa a chama do confronto com a autoridade do Estado. Não me escuso de dizer qual era essa força, pois trata-se do quase centenário Partido Comunista Português.
Mas não é para falar do papel do PCP no PREC pós Abril/74, mas para tecer algumas considerações que considero de alguma pertinência saber-se passados 50 anos sobre o início do terrorismo em Angola.
Quando o Cónego da Sé de Luanda, Manuel das Neves, levou os seus queridos "paroquianos" a violar o 5º. Mandamento da Lei de Deus, que diz claramente: "NÃO MATARÁS". Não sei se terão sido São Marx ou São Lenine quem o iluminou e levou pelo caminho do assassínio de inocentes.
Holden Roberto e Agostinho Neto já foram prestar contas pelos seus crimes... que não serão apenas deles, pois entre nós também alguns ficaram marcados pelo ferrete da ignomínia, da falta de carácter, da improbidade própria das pessoas mal formadas... que não se importaram mandar liquidar quem lhes possa ser impecilho às negociatas escuras que lhes vão enchendo os bolsos.
Se não entenderam o recado, posso falar dos quadros da Administração Colonial, dos senhores todos poderosos que eram os Administradores de Circunscrição e simultâneamente Presidentes da Câmara, Juízes da Comarca, Comandantes da Polícia... "e se mais cargos houvera eles os teriam", para parodiar Camões na expressão "e se mais mundos houvera lá chegariam".
Depois havia os capatazes das fazendas, que eram muitas vezes analfabetos, mas apenas porque eram brancos, tinham centenas de contratados à sua responsabilidade. Era aqui que imperava a "Lei do chicote" ou da palmatória. Cheguei a vêr um corpo retalhado à chicotada porque o trabalhador, que "ganhava" 1 Angolar (Escudo) por dia, pediu ao encarregado se podia dar mais qualquer coisa para pagar os medicamentos do filho, que estava muito doente. Foi simplesmente... chicoteado... e a criança morreria se não a tivesse enviado de imediato à Enfermaria da Unidade onde prestava serviço, e foi ali que lhe salvaram a vida!
Foram muitos destes escroques quem levou à revolta das populações angolanas e não apenas o epísódio ocorrido na Baixa do Cassange! Este foi mau, mas o somatório dos muitos que já vinham a ser praticados ao longo dos 500 anos de presença Portuguesa em África, foram de certa maneira a justificação para o injustificável, porque crianças, mulheres e velhos foram trucidados pela sede de sangue que se adivinhava nas acções desencadeadas no dia 15 de Março.
O 4 de Fevereiro foi o alerta para que se iniciassem as "festividades" nas fazendas! Não como bacanais ou orgias, porque essas os "turras" não entendiam muito bem, mas como licção aos colonos de que aquela era a sua terra e exigiam o respeito que uns tantos lhes negaram!
Não se pense que a situação actual do Povo é melhor do que aquela que se vivia no regime colonial Português! Não é, de forma alguma, porque continua a haver gente que morre por se opôr à ditadura vigente, onde o não eleito Presidente já está quase a ganhar àquele Salazar contra quem foram, em tempos, levantadas armas. Agostinho Neto - um médico que até gostava de tirar vidas - deixou Angola nas mãos de um tipo sem escrúpulos, que utiliza as queridas filhas para satisfazer os seus desejos de vir a ser o maior "nababo" de África, pois tudo quanto a economia pode dar àquele País... é controlado por ele e seus sicários, que dividem entre si as "massas" que deveriam ser do Povo.
Não sei quantos mais anos aguentará o Povo Angolano sem dar uma resposta... mas ela será dada, acredito!
Estes dois senhores da política Portuguesa, que há bem pouco tempo protagonizaram páginas inolvidáveis com debates de ideias sobre o País que somos, também passaram por África, enquanto Militares.
O senhor barbudo, com aquele seu ar Alegre que tão bem o caracteriza, foi "levado" até terras de Nambuagongo, lá no Norte de Angola. Escusado será dizer-se que embarcou contra a sua vontade, pois as suas convicções políticas não lhe permitiam sofrer na carne porque um qualquer Salazar o terá mandado de férias para África. De tal modo refilou que a Polícia política resolveu usar o adesivo para o calar. Mandou-o de volta à Metrópole, ou para o "Puto", como por lá se dizia... mas ele resolveu ir combater pela palavra contra o regime: - Foi fazer um programa de rádio na "Voz de Argel", destinada aos Militares que tanto adorava, chegando ao ponto de os convidar a irem passar férias em Argel ou noutros sítios onde moravam amigos seus, como o Tito de Morais, o Marocas Soares, o Manel Serra e outros que alinhavam no mesmo clube. Era um querido... e a independência de Angola deve-lhe muito!
Já o senhor da direita - dizem que o é mesmo - esteve de férias forçadas em Lourenço Marques, na qualidade de Alferes Milicano do Exército Português. Falo em férias... porque nunca a capital de Moçambique sentiu a guerra. Deste modo, Cavaco que é cavaco nunca se queima! E ele não se chamuscou por lá, a não ser naqueles momentos em que ia para a praia com a sua Maria.
Mal ou bem, cumpriu a sua Comissão até ao fim e regressou de consciência tranquila, pois o seu dever patriótico não poderia jamais ser posto à prova.
São dois exemplos de "Filhos da Guerra" Colonial, de Libertação, do Ultramar ou aquilo que os nossos esforçados historiadores queiram chamar aos tristes acontecimentos que tiveram lugar à 50 anos e ensombraram Portugal.

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